sexta-feira, 23 de julho de 2010

A JUSTIÇA DOS LOBOS...

Resolvi postar este texto que li na revista ISTOÉ, de autoria do colunista Leonardo Attuch, pois considerei o melhor texto que vi desde que começou o imbróglio do Bruno. A imprensa brasileira, marrom como sempre, adora sacrificar, em nome das boas vendas, qualquer um que seja, desde que o caso lhes rendam visibilidade, audiência e dinheiro. Não vou julgar o rapaz, não sei dizer o que houve realmente e não vou acreditar no que diz a mídia até que os fatos estejam realmente claros, pois o que temos até hoje são suposições, fortes sim, mas apenas suposições até que se prove. E em se tratando desse delegado, não há porque acreditar muito de cara....leiam o texto.




A justiça dos lobos
Há dez anos, um inocente foi preso acusado de matar a mulher. O delegado? O do caso Bruno


O título da coluna vem de um livro escrito por José Cleves, o melhor repórter policial de Minas Gerais, de quem fui colega. Cleves havia se especializado em denunciar esquemas de corrupção na polícia mineira, como a venda de armas, de carteiras de habilitação e o envolvimento de policiais com a máfia dos caça-níqueis, o que lhe rendeu prêmios e ameaças de morte. Em 10 de dezembro de 2000, sua esposa foi assassinada por dois menores quando o casal, acompanhado dos filhos, voltava para casa, em Belo Horizonte. Embora as crianças e a família da vítima testemunhassem a seu favor, o jornalista logo se viu no banco dos réus, acusado de planejar a execução da própria mulher. Foi preso e massacrado. Só oito anos depois, veio a absolvição definitiva pelo STF. Em todas as instâncias onde o processo tramitou, ele foi inocentado – ao todo, foram 25 votos a zero.

Por que essa história é relevante? Porque o delegado que invadiu todas as televisões para proclamar a culpa do jornalista e transformá-lo num psicopata foi Édson Moreira, o mesmo do caso Bruno. Isso significa que o goleiro do Flamengo é inocente? Evidente que não. Mas a precipitação, a presunção de culpa, a síndrome de celebridade de um policial e a espetacularização de investigações por parte da mídia, que já transformou Bruno num monstro e também num personagem “indefensável”, em nada favorecem o esclarecimento da verdade, nem contribuem para o resgate da vítima, Eliza Samudio. E podem até contaminar todo o inquérito, ajudando a absolver eventuais culpados.
No caso Bruno, as contradições já começam a surgir. De acordo com a perícia, a mancha encontrada no carro de Bola, o suposto executor de Eliza, não era de sangue, conforme havia sido divulgado pela polícia. O menor J. prestou dois depoimentos diferentes – num deles, Bruno estava presente na cena do crime; no outro, não. E o trecho mais assustador, dando conta de que Eliza foi desossada, com parte do corpo atirada aos cachorros, enquanto Bruno, segundo o delegado, “tomava uma cervejinha”, já é considerado fantasioso pela própria polícia porque não foram encontradas manchas de sangue nem no suposto local do assassinato nem no canil da propriedade.
Talvez tenha sido um crime perfeito, sem rastros ou vestígios. Mas a polícia teria a obrigação de considerar outras hipóteses, com um pouco mais de sofisticação psicológica, como a do abandono da criança pela mãe – o que ocorreu com a própria Eliza, entregue por sua genitora ao pai quando era bebê. Aliás, quem não se lembra da ex-miss Brasil Taíza Thomsen, que também foi considerada morta antes de reaparecer em Londres? Em resumo, um mínimo de prudência não faria mal algum aos lobos que já devoram a carne de Eliza.

2 comentários:

Pod papo - Pod música disse...

Esse caso está tão complicado. Eu nem sei mais no que acreditar!

Beijos

By Marcelo Nascimento disse...

Pois é Juliana...a mídia de hoje não nos dá condições reais de acreditar nela....é melhor ver tudo e analisar muito friamente cada caso, principalmente se esse caso nos interessa. No caso do Bruno, nada me interessa. Chega!!!!

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